15 agosto 2023

Desempenhando um Ministério Cristão

 

 

O Novo Testamento está sempre afirmando que a verdadeira vida cristã é essencial e radicalmente diferente da vida natural do homem do mundo. Externamente, pode ser bem parecida, com elementos tais como: ganhar a vida, estudar, casar, criar filhos, varrer a casa, comprar mantimentos, conviver com a vizinha, etc.

 


Mas interiormente, o princípio de vida é completamente diverso. Cristo participa de todos esses elementos. A vida é vivida por meio dEle. É Ele o motivador de todas as ações certas, e Aquele que corrige as ações e pensamentos errados. É quem dá todas as alegrias e cura todos os males. Ele já não está à margem da vida, lembrado aos domingos, mas ausente durante o resto da semana. Ele é o centro de tudo; a vida gira em torno dEle e por isso está corretamente focalizada; o coração é possuído por uma paz profunda; o espírito é revestido de força a despeito das provações externas, e bondade e alegria irradiam para todos os lados. Isso é que é viver!

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É impossível manter em segredo, para si só, este tipo de vida. Ela clama por ser transmitida a outros que ainda estão lutando com senso de culpa, desespero, auto rejeição e hostilidade. Onde quer que o sofrimento se manifeste, ali essa vida pode começar a ser partilhada. Alguém já definiu isso de uma forma simples e bela: "É um mendigo dizendo a outro onde pode encontrar pão." Essa transmissão de vida não exige uma apresentação formal ou estilizada, nem um lugar ou ocasião especial. Não se restringe àqueles que foram ordenados ou se encontram "no ministério". Qualquer pessoa que já vivenciou o verdadeiro ministério, acessível a todos, que o apóstolo passa a descrever: "Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação." (2 Co 5:18,19.)

 

Neste breve trecho, Paulo usa quatro vezes a ideia de reconciliação. Já que o homem foi criado para ser a habitação de Deus, nada poderia ser pior para a nossa condição humana, do que estarmos distanciados do Deus que nos criou. O principal mal da humanidade é achar-se separada de Deus, e ele se manifesta em expressões dolorosas tais como senso de culpa, hostilidade e desespero.

 

Assim sendo, a melhor notícia que um homem pode receber é a de que foi encontrado um meio de reconciliação com Deus. E o grande privilégio do cristão é justamente proclamar essa boa-nova àqueles que necessitam dela desesperadamente, e estão desejosos de acolhê-la devido aos sofrimentos porque passam, e às carências que há em sua vida. O testemunho deve sempre iniciar-se pela necessidade do indivíduo. "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados" disse Jesus, "e eu vos aliviarei".

 

O apóstolo salienta alguns aspectos desse ministério, a fim de revelar sua grandeza e relevância. Vamos recordá-los para nos conscientizarmos do inestimável privilégio que é proclamar essa mensagem às pessoas que sofrem.

 

Esse ministério origina-se em Deus. É uma experiência pessoal. É abrangente. Traz libertação. É entregue pessoalmente. É investido de autoridade. É voluntário. Realiza o impossível. É experimentado em cada momento de per si.

 

Vejamos destacadamente as características desse ministério.

 

Origina-se em Deus. "Tudo provém de Deus", diz Paulo. A parte ofendida é quem inicia o movimento de reconciliação. A boa-nova não parte do homem; não é simplesmente mais um dos muitos recursos que o homem criou para tentar encontrar o caminho de volta a Deus. A própria natureza dessa boa-nova é tal, que nunca poderia ter sido inventada pelo homem, a não ser fraquezas, fracassos e rebeldia.

 

É uma experiência pessoal. "Deus... nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo." O crente que dá testemunho da nova aliança não fala de modo acadêmico. Ele se identifica perfeitamente com o sofrimento e as trevas daqueles a quem se dirige, pois ele próprio já esteve nessa situação. Mas ele já encontrou uma solução tão satisfatória e completa, que ficou ansioso para transmiti-la a outros. Não fala do "plano da salvação" como se fosse uma doutrina teológica, que existisse apenas uma apreensão intelectual de seu conteúdo, para proporcionar a experiência. Em vez disso, ele dá testemunho de um Senhor pessoal, que ao mesmo tempo é o Salvador e o sustentador de sua vida. Ele não procura dar a impressão de que, quando se rendeu ao Senhor foi imediata e completamente liberto de toda luta contra o mal, contra o senso de culpa, ódio e medo, mas deixa claro que essa rendição inicial provocou uma mudança permanente no seu coração.

 

É abrangente. "E (Deus) nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo." Uma das maravilhas do verdadeiro cristianismo é a sua universalidade. Não é absolutamente "a religião do homem branco", nem é somente para negros, vermelhos ou mulatos. Não se destina às classes trabalhadoras, assim como não é para as classes ricas, nem para os que vivem em favelas. Os homens irão descobrir que ele se ajusta perfeitamente às suas necessidades de homens, e as mulheres verão que ele realiza e completa sua feminilidade. Este ministério leva a Deus todas as carências de cada pessoa, física, espiritual e emocional.

 

Traz libertação. "Não imputando aos homens as suas transgressões." Pela cruz de Jesus, o problema criado diante de Deus pelo pecado humano é totalmente eliminado. E para eliminar suas nocivas consequências sobre a vida humana, Deus nada exige, a não ser um reconhecimento sincero desse mal. Não exige nenhuma penitência e nem as aceitará. Não exige autoflagelação. Qualquer tentativa de se recorre a tais coisas é apenas prova de que a pessoa vem a Cristo pela primeira vez, mas a toda a sua vida. O castigo da morte por todos os nossos pecados já foi aplicado a Cristo. E isso significa a morte em suas diversas formas, como já vimos. Só a experimentamos quando nos recusamos a crer em Deus, e procuramos justificá-la perante Ele. Mas a experiência da morte encerra-se no momento em que cremos nEle: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo." (Rm 8:1.)

 

É entregue pessoalmente. "E nos confiou a palavra da reconciliação". A boa-nova não nos chega por intermédio de anjos. Não nos é anunciada dos céus por vozes fortes, impessoais. Nem nos chega por nos debruçarmos sobre empoeirados volumes do passado. Em cada geração, ela é transmitida por homens e mulheres, seres vivos, que falam de uma experiência que eles próprios viveram. A encarnação, o Verbo que se fez carne, é o meio eterno pelo qual Deus se comunica com as pessoas. Vem sempre às expensas de muita fome e sede, de provações pessoais que enfrentamos por amor a Cristo - sangue, suor e lágrimas.

 

É investido de autoridade. "De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio." O embaixador é um porta-voz oficial de uma nação, num país estrangeiro. Sua palavra tem o respaldo da nação que o enviou, mas apenas quando essa palvra representar realmente o pensamento e a vontade do Estado que representa. Assim também os crentes, por toda a parte, são porta-vozes autorizados por Deus, "como se Deus exortasse por nosso intermédio", mas somente quando estão vivendo como cristãos autênticos. Quando isto acontece, Deus honra a palavra deles e opera mudanças visíveis e reais na vida daqueles que aceitam seu testemunho. É a característica da inegável realidade, que vimos no estudo: Distinguindo a verdadeira vida cristã.

 

É voluntário. "Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus." Em todo esse texto, o apóstolo emprega palavras que revelam a natureza não coercitiva do evangelho: "exortar", "rogar". E já que, como ele afirma, rogamos "em nome de Cristo", ou literalmente, "em lugar de Cristo", é muito importante que não usemos de mais coação do que o Senhor usou nos dias em que viveu entre nós. Na verdade, o cristianismo autêntico é Cristo falando aos homens, pelo Espírito, por nosso intermédio, nos dias de hoje. Se for de outra forma, já não será do Espírito.

 

Realiza o impossível. "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." Essa é a suprema glória da nova aliança. Ela obtém o que nunca poderia ter sido alcançado pelo homem caído: justiça (valor) diante de um Deus santo. E isso parece impossível até para Deus. Como um Deus justo poderia justificar o injusto? Como um Deus reto pode, com justiça, declarar reto um pecador ímpio? É um enigma que confunde até mesmo os anjos. Mas já foi realizado! Aquele que não conheceu pecado, Jesus o justo, (na cruz) tornou-se pecado por nós, que não conhecíamos a justiça, a fim de que a justiça de Deus pudesse passar a nós e ser nossa para sempre. E essa justiça não apenas caracteriza nossa posição perante um Deus santo, mas é também nossa condição no presente, sempre que andarmos no Espírito. Portanto, a cruz é o lugar onde Satanás é sempre derrotado. A cruz era o grande segredo que Deus tinha e que o diabo não contava. O grande acusador nunca poderá encontrar um fundamento pelo qual possa fazer o Deus justo voltar-se contra nós, pois todos os nossos pecados foram separados de nós, para sempre, pela cruz. Agora podemos ter uma identidade totalmente nova. Somos um só espírito com o próprio Jesus.

 

É experimentada em cada momento. "E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus (porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo aceitável e te socorri no dia da salvação: eis agora o tempo aceitável, eis agora o dia da salvação." (II Co 6:1,2).

 

É possível alguém receber a graça de Deus em vão. Isto é, a pessoa pode viver grande parte de sua vida utilizando os recursos da carne, em vez do poder e riquezas do Espírito. Assim sendo, nesses momentos, ou horas, ou dias, Cristo de nada nos vale. Nós o temos, mas vivemos como se ele nem estivesse ali. A graça e o poder de Deus nos pertencem, mas não nos valem de nada.

 

E como temos que receber a graça de Deus pela fé (ou pela dependência) e dela nos apropriarmos a cada momento, então é com o momento presente que devemos preocupar-nos. "Eis AGORA o tempo aceitável; eis AGORA o dia da salvação". O fato de que alguns instantes atrás estávamos andando no Espírito não tem valor para nós agora. Nossa intenção de andar no Espírito daqui a alguns minutos não nos redime o presente. Se agora escolhermos agir na carne, este tempo está perdido, para sempre, e nunca poderá ser revivido ou reconquistado.

 

Disputemos a corrida da vida, procurando viver cada momento no poder e na graça do Espírito de Cristo, pois qualquer instante passado na carne é tempo em que recebemos a graça de Deus em vão.

 

A verdadeira vida cristã se manifesta no desempenho, pelo crente, do seu correto papel no ministério que Deus lhe destinou no Corpo de Cristo.

 

Este é o ministério da reconciliação que Deus nos confiou. Ele não nos envia sozinhos, mas Ele próprio vem conosco, para ser tanto o Autor como o Consumador de nossa fé.

 

Que oportunidade maravilhosa e desafiante este grande ministério constitui para nós! O próprio apóstolo Paulo acha-se maravilhado pela glória e esplendor dele. E agora ele encerra este trecho da carta, em que analisa a nova aliança, com uma passagem de infinito poder e beleza, na qual sua própria experiência se torna um exemplo ilustrativo.

 

Possamos perceber a profundidade e o correto sentido dessas palavras, cada um tomando posse deste ministério, até que o Senhor nos revele outros.

 

"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (I Co 15:58).  

 

 

 

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