Imite a Sua Fé : Ela abriu seu coração a Deus
1Sm. 1:10-11 – A oração de Ana
·
ANA se
ocupou com os preparativos da viagem, tentando esquecer seus problemas. Era
para ser uma ocasião feliz. Todo ano, seu marido, Elcana, viajava com a família
para adorar a Deus no tabernáculo em Silo. Jeová queria que essas ocasiões
fossem alegres. (Deuteronômio 16:15)
·
E
desde pequena, Ana sem dúvida apreciava muito essas festividades. Mas as coisas
tinham mudado nos últimos anos.
·
Ana
era muito amada pelo seu marido. Mas ele tinha uma outra esposa. Seu nome era
Penina, e parecia que seu objetivo na vida era atormentar Ana. Penina conseguiu
um jeito de fazer com que até essas ocasiões anuais fossem uma fonte de
angústia para Ana. Como? E, mais importante, como a fé que Ana tinha em Jeová a
ajudou a lidar com um problema que parecia não ter solução? Se você estiver
enfrentando desafios que tiram sua alegria, provavelmente achará a história de
Ana muito comovente.
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Por que se sente mal o teu coração?
·
A
Bíblia indica que Ana tinha dois grandes problemas na vida. Sobre o primeiro,
ela tinha pouco controle; e sobre o segundo, nenhum. Ela estava num casamento
polígamo, e a outra esposa de seu marido a odiava. Além disso, Ana era estéril.
Essa situação é difícil para qualquer mulher que deseja ter filhos, mas na
cultura e na época de Ana era algo ainda pior porque todos esperavam ter
descendência para dar continuidade ao nome da família. Ser estéril era uma
grande vergonha.
·
Ana
até poderia ter tido forças para suportar essa situação, se não fosse a atitude
de Penina. A poligamia nunca foi uma situação ideal. Gerava muita rivalidade,
conflito e angústia. Era bem diferente do padrão de monogamia que Deus havia
estabelecido no jardim do Éden.* (Gênesis 2:24) Assim, a Bíblia apresenta a
poligamia numa luz desfavorável, e esse relato sobre a família de Elcana é um
forte exemplo disso.
·
A
questão é que Ana era a esposa preferida de Elcana. A tradição judaica diz que
ele casou primeiro com Ana e alguns anos mais tarde com Penina. Seja como for,
Penina tinha muito ciúme de Ana e sempre encontrava um jeito de fazer sua rival
sofrer. A grande vantagem de Penina em relação a Ana era sua fertilidade. Ela
teve vários filhos, um atrás do outro, e seu orgulho crescia cada vez que dava
à luz. Em vez de sentir pena de Ana e consolá-la, Penina se aproveitava do
ponto fraco dela. A Bíblia diz que Penina humilhava Ana “para fazê-la sentir-se
desconcertada”. (1 Samuel 1:6)
Fazia isso de propósito; ela queria ferir Ana e conseguia.
·
Pelo
visto, a oportunidade preferida de Penina
para atormentar Ana era a peregrinação anual a Silo, e aquele ano não foi
diferente. A cada um dos muitos filhos de Penina — “a todos os filhos e filhas
dela” —, Elcana deu porções dos sacrifícios oferecidos a Jeová. Mas Ana,
por não ter filhos, recebeu apenas uma porção. Penina rebaixou tanto aquela
pobre mulher, mencionando vez após vez sua esterilidade, que ela começou a
chorar e até perdeu o apetite. Elcana percebeu logo que sua querida esposa
estava angustiada e não comia nada, por isso tentou consolá-la. “Ana”,
perguntou ele, “por que choras e por que não comes, e por que se sente mal o
teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” — 1 Samuel 1:4-8.
·
Elcana
até que conseguiu perceber que a angústia de Ana tinha a ver com o fato de ela
ser estéril, e com certeza ela gostou de sua demonstração de carinho.* Mas ele não mencionou nada a respeito
das maldades de Penina. O relato também não sugere que Ana tenha contado
isso a ele. Talvez ela achasse que expor Penina só pioraria sua situação.
Elcana mudaria realmente alguma coisa? E será que Penina não passaria a
desprezá-la ainda mais? E que dizer dos filhos e servos daquela mulher maldosa?
Ana se sentiria cada vez mais uma estranha em sua própria casa.
·
Quer
Elcana soubesse de toda a crueldade de Penina, quer não, uma coisa é certa:
Jeová Deus sabia de tudo. Sua Palavra expõe o que aconteceu, dando assim um
forte aviso a todos os que praticam atos aparentemente pequenos de ódio e
ciúme. Por outro lado, pessoas inocentes e pacíficas como Ana podem sentir-se
consoladas por saber que o Deus de justiça resolve todos os assuntos no seu
tempo e à sua maneira. (Deuteronômio 32:4) Ana com certeza sabia
disso, pois foi a Jeová que ela procurou em busca de ajuda.
Ela não estava mais preocupada
·
Bem
cedo, a casa já estava movimentada. Todos, até as crianças, se preparavam para
a viagem. Para chegar em Silo, aquela grande família teria de atravessar mais
de 30 quilômetros na região montanhosa de Efraim.* A pé, a viagem levaria um ou dois
dias. Ana sabia como sua rival agiria. Mas ela não ficou em casa. Assim, deu um
excelente exemplo para os adoradores de Deus hoje. Nunca devemos permitir que a
má conduta de outros interfira em nossa adoração a Deus, pois isso nos
impediria de receber justamente as bênçãos que nos dão forças para perseverar.
·
Após
um longo dia viajando em estradas sinuosas nas montanhas, por fim aquela
família chegou perto de Silo, no topo de uma colina cercada por montes. Podemos
imaginar Ana meditando profundamente sobre o que diria a Jeová em oração. Ao
chegar, a família tomou uma refeição. Assim que pôde, Ana se separou do grupo e
foi ao tabernáculo de Jeová. O Sumo Sacerdote Eli estava lá, sentado perto da
porta do templo. Mas a atenção de Ana estava em seu Deus. Ali no tabernáculo
ela sentia que seria ouvida. Mesmo que mais ninguém pudesse entender o que ela
estava passando, seu Pai celestial podia. Toda a amargura dentro de Ana veio à
tona, e ela entrou em prantos.
·
Soluçando
muito, Ana abriu o coração a Jeová. Seus lábios tremiam ao passo que pensava
nas palavras certas para externar sua dor. Ela fez uma longa oração,
expressando todos os seus sentimentos ao seu Pai. Mas fez mais do que apenas pedir a Deus que
realizasse seu forte desejo de ter filhos. Ana não queria só receber bênçãos de
Deus, mas também queria lhe dar o que podia. Assim, fez um voto dizendo que se
tivesse um filho ela o entregaria para servir a Jeová por toda a vida. — 1 Samuel 1:9-11.
·
Com
respeito à oração, Ana deixou um excelente exemplo para todos os servos de
Deus. Jeová bondosamente convida seus adoradores a abrir seu coração a ele e
expressar todas as suas preocupações, sem reservas, como faria um filho que tem
um pai amoroso. (Salmo 62:8; 1 Tessalonicenses 5:17) O
apóstolo Pedro foi inspirado a escrever estas palavras consoladoras: ‘Lance
sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de você.’ — 1 Pedro 5:7.
·
No
entanto, os homens não são tão compreensivos como Jeová. Enquanto Ana chorava e
orava, uma voz a assustou. Era Eli, o sumo sacerdote, que a observava. Ele
disse: “Até quando te comportarás como embriagada? Afasta de ti o teu vinho.”
Eli havia notado que os lábios e o corpo de Ana tremiam e que ela parecia
perturbada. Em vez de perguntar qual era o problema, ele foi logo concluindo
que ela estava bêbada. — 1 Samuel 1:12-14.
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Como
deve ter sido duro para Ana ouvir uma acusação dessas num momento de tanta
angústia — ainda mais de um homem que ocupava uma posição tão importante!
Apesar disso, mais uma vez ela deu um excelente exemplo de fé. Não permitiu que
as imperfeições de uma pessoa interferissem em sua adoração a Jeová.
Respeitosamente, explicou sua situação a Eli. Então, talvez percebendo que
tinha errado e falando num tom mais suave, ele disse: “Vai em paz, e que o Deus
de Israel te conceda o teu pedido.” — 1 Samuel 1:15-17.
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Como
Ana se sentiu após derramar seu coração a Jeová e adorá-lo ali no Seu
tabernáculo? O relato diz: “A mulher passou a ir-se embora e a comer, e seu
semblante não estava mais preocupado.” (1 Samuel 1:18) A Versão Brasileira diz: “Não mais era triste o seu
semblante.” Ana se sentiu aliviada. Em certo sentido, ela transferiu o peso da
sua carga emocional para os ombros infinitamente mais largos e mais fortes de
seu Pai celestial. (Salmo 55:22) Há algum
problema pesado demais para ele? Não. Nunca houve e nunca haverá!
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Quando
sentimos que a tristeza está tomando conta de nós, podemos seguir o exemplo de
Ana e falar abertamente com Aquele que a Bíblia chama de “Ouvinte de oração”. (Salmo 65:2) Se fizermos isso com fé,
no lugar da tristeza poderemos sentir “a paz de Deus, que excede todo
pensamento”. — Filipenses 4:6, 7.
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“Não há rocha igual ao nosso Deus”
·
Na
manhã seguinte, Ana voltou ao tabernáculo com Elcana. É provável que ela tenha
lhe falado sobre o pedido e a promessa que tinha feito a Deus, pois a Lei
mosaica dizia que o marido podia anular um voto feito pela esposa sem o seu
consentimento. (Números 30:10-15). Mas
aquele homem fiel não anulou o
voto de sua esposa. Em vez disso, ele e Ana, juntos, prestaram adoração a Jeová
no tabernáculo antes de voltar para casa.
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Quando
foi que Penina percebeu que não conseguia mais atormentar Ana? O relato não
diz, mas a expressão “seu semblante não estava mais preocupado” sugere que a partir de
então Ana recuperou o ânimo. De qualquer forma, Penina logo descobriu que seu
comportamento cruel já não surtia efeito. A Bíblia não menciona mais o seu
nome.
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Os
meses se passaram e a paz que Ana sentia se transformou numa indescritível
alegria. Ela estava grávida! Mas Ana não esqueceu nem por um momento quem a
tinha abençoado. Quando o menino nasceu, ela o chamou de Samuel, que significa
“Nome de Deus”; pelo visto uma referência a se invocar o nome divino, como Ana
havia feito. Naquele ano, ela não acompanhou Elcana e sua família na viagem a
Silo. Ela ficou em casa por três anos, até desmamar a criança. Então, reuniu
forças para o dia em que teria de se separar de seu querido filho.
·
A
despedida não deve ter sido nada fácil. É claro que Ana sabia que Samuel seria
bem cuidado em Silo, talvez por algumas mulheres que serviam no tabernáculo.
Mas ele ainda era tão pequeno! E que mãe não quer ficar perto de seu filho?
Mesmo assim, Ana e Elcana levaram o menino, não contrariados, mas com
sentimento de gratidão. Eles ofereceram sacrifícios na casa de Deus e
entregaram Samuel a Eli, mencionando o voto que Ana havia feito anos antes.
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Então,
Ana fez uma oração que Deus considerou digna de ser incluída em sua Palavra
inspirada. Ao ler suas palavras em 1 Samuel 2:1-10, em cada linha
você notará a profunda fé que Ana tinha em Deus. Ela louvou a Jeová pela forma
maravilhosa como ele usa seu poder — por Sua capacidade inigualável de humilhar
os orgulhosos, abençoar os oprimidos, pôr fim à vida ou até salvar da morte. Ela
louvou seu Pai por sua santidade sem igual, e por sua justiça e fidelidade. Com
bons motivos, Ana pôde dizer: “Não há rocha igual ao nosso Deus.” Jeová é
completamente confiável, imutável e um refúgio para todos os oprimidos que
buscam sua ajuda.
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Com
certeza, o pequeno Samuel foi privilegiado por ter uma mãe com tanta fé em
Jeová. Mesmo sentindo saudades dela, à medida que crescia, ele nunca se sentiu
abandonado. Todo ano, Ana viajava para Silo, levando uma pequena túnica sem
mangas para ele usar no serviço do tabernáculo. Cada ponto costurado era prova
do seu amor e carinho. (1 Samuel 2:19) Podemos imaginar
seu olhar de ternura e suas palavras bondosas e encorajadoras enquanto colocava
a túnica no menino e a ajeitava. Samuel foi abençoado por ter uma mãe assim, e
quando cresceu ele mesmo se tornou uma bênção para seus pais e todo o Israel.
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Ana
também não foi abandonada. Jeová a abençoou com mais cinco filhos. (1 Samuel 2:21) Mas talvez a
maior bênção de Ana tenha sido sua relação com seu Pai, Jeová. E essa relação
ficava cada vez mais forte ao longo dos anos. Que o mesmo aconteça com você, ao
passo que imita a fé demonstrada por Ana.
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Para
saber por que Deus tolerou por um tempo a poligamia entre o seu povo, veja o
artigo “Deus aprova a poligamia?”, na página 30 da revista A Sentinela de 1.° de julho de 2009.
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Embora
o relato mencione que Jeová havia “fechado a madre” de Ana, não há evidência de
que ele desaprovasse essa mulher humilde e fiel. (1 Samuel 1:5) Às vezes a Bíblia
diz que Deus fez algo, querendo dizer que ele apenas permitiu isso por um
tempo.
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Essa
distância se baseia na probabilidade de Ramá, cidade de Elcana, ser o mesmo
lugar conhecido como Arimateia nos dias de Jesus.
As duas orações de
Ana registradas em 1 Samuel 1:11 e 2:1-10 são especiais por vários motivos. Veja
alguns deles:
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▪ Ana
dirigiu a primeira das duas orações a “Jeová dos exércitos”. Ela é a primeira
pessoa na Bíblia a usar essa expressão. Esse título aparece 285 vezes na
Bíblia e se refere ao comando que Deus exerce sobre um vasto número de filhos
espirituais.
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▪ Note
que Ana não fez a segunda oração quando seu filho nasceu, mas quando ela e
Elcana o ofereceram para o serviço a Deus em Silo. Assim, Ana estava
feliz, não por ter silenciado sua rival, Penina, mas por ter sido abençoada por
Jeová.
·
▪
Quando Ana disse “Meu chifre está deveras exaltado em Jeová”, talvez ela
estivesse pensando no touro, um forte animal de carga com chifres poderosos. Em
outras palavras, Ana estava dizendo: ‘Jeová me dá forças.’ — 1 Samuel 2:1.
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▪ As
palavras de Ana sobre o “ungido” de Deus foram proféticas. Ela usou uma
expressão hebraica que é também traduzida “messias”, e foi a primeira pessoa na
Bíblia a usá-la para se referir a um futuro rei ungido. — 1 Samuel 2:10.
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▪ Uns
mil anos mais tarde, Maria, a mãe de Jesus, usou expressões similares às
de Ana para louvar a Jeová. — Lucas 1:46-55.
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Ana
estava muito aflita porque era estéril, e Penina fez de tudo para ela se sentir
ainda pior.
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Imite
o exemplo de Ana, orando de todo o coração.
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Embora
Eli tenha sido injusto, Ana não ficou ofendida.























